É bem verdade que escrevo de forma narrativa o quanto um simples comentário sobre a opinião de um suposto amigo, sobre um filme qualquer, pode trazer consequências de distorção da avaliação que fazemos daquele mesmo filme. Claro que isso depende de alguns fatores, como por exemplo, qual o enredo (drama, aventura, comédia, horror, etc) de filme, que cada um de nós, indivíduos pensantes e com gostos diversificados preferimos, enfim, a ideia foi de mostrar ao leitor que eu não emitiria a minha opinião do filme naquela postagem, aguardaria um determinado tempo para que aqueles que lessem o postagem tivessem tempo de assistir ao filme antes de tomarem conhecimento da minha opinião sobre o longa.
Espero ter esclarecido as dúvidas e os maus entendidos da última postagem.
Agora que ajustei as percepções e arrumei o papiro para entregar-me a pena e ao nanquim, vamos ao que realmente interessa, e que diga-se de passagem me deixou ansioso durante essas duas semanas, por este momento... o que eu achei do filme 2coelhos?
Um longa coberto de emoções trazidas por cenas de ação e de brilhante trama, desenhada nas idas e vindas temporais, em uma fotografia maravilhosa com a cidade de São Paulo de pano de fundo.
Afonso Poyart trouxe para gente através da arte, aquela vontade louca que muitos brasileiros tem de denunciar os esquemas sórdido que apodrecem nosso poder judiciário, legislativo e executivo. Com uma brilhante atuação do elenco, sobretudo do ator Fernando Alves Pinto, através do personagem Edgar, passa dias no seu cotidiano de mesmice após planos arruinados, o jovem adulto atravessa horas jogando GTA e assistindo a filmes pornográficos na tela de um computador. Cansado da vida insossa, ele elabora um plano sinistro, na qual pretende arruinar o pacto entre criminosos e representantes do poder público, colocando-os em rota de colisão. Segundo ele, há a possibilidade de eliminar "dois coelhos com uma caixa d'água só". Só ao passo em que o plano é executado descobrimos ligações inesperadas entre os personagens, que por ora, aqui não me é conveniente revelar.
O filme traz uma mistura de "sucker punch" (mundo surreal) e amnésia, com a utilização da linguagem infográfica para explicar os meandros de determinada ação na história, que são utilizados como recursos narrativos.
2coelhos é eficiente tecnicamente. Os efeitos especiais e a edição de som são determinantes no ímpeto de expor o impacto sinestésico que o filme se propõe (e precisa) a ter.
O apelo visual também é expressivo e expõe uma linguagem significativa, o tom de videoclipe construído mediante a utilização do slow motion após explosões, detalhes de estilhaços surgindo em câmera lenta em direção a rostos e corpos enquanto toca uma música pop, digamos até meio "ploc" (Kings and Queens da banda 30 Seconds to Mars), é amostra do cinema de referência de Poyart, explicitado ao máximo possível.
O cineasta parece gritar ao todos o quanto é apaixonado por games, clipes, música pop e montagens frenéticas.
A obra se destaca pela forma como conta a história que cresce a medida que o tempo passa, de forma inteligente, o roteiro encaixa pouco a pouco os "nós" anteriormente soltos e, quando o filme começa a ganhar sentido, tem-se a comprovação de que 2coelhos não é apenas um filme de belíssimos contornos visuais.
O filme veio com uma proposta de novidade, novidade ao cinema brasileiro, novidade de forma e conteúdo.
Vamos guardar esse nome Afonso Poyart.
Assisti em 2002 o filme Cidade de Deus e fiquei maravilhado com o enredo, a trama e a maneira com o qual a história é narrada, até o dia 27 de janeiro de 2012, ou seja, por dez anos Cidade de Deus esteve no topo da minha lista de melhores filmes, mas agora sem dúvidas e com alegria posso dizer que o melhor filme já
feito nos meus tantos anos de existência passa a ser
feito nos meus tantos anos de existência passa a ser
2coelhos.
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