quarta-feira, 6 de junho de 2012

A noite fala e o dia cala.



            Veja como o dia amanheceu chuvoso.
As estrelas contemplaram a terra durante a madrugada anterior.

As garças com suas pernas compridas, encolhidas, após a maré alta que esbanjaram durante todo o dia.

O pescador em alto mar sentiu frio por molhado estado e por labor, mesmo com o corpo suado teve calafrios por temor, tempestade assustadora, chacoalhara o barco e punha dentro d'água a proa.

O orvalho deu lugar a poça e os galhos desceram das copas para as calçadas ou o topo dos carros.

Os atletas não correram, encheram as academias e os armários com cadeados trancaram seus pertences.

Os homens dormiam as mulheres rezavam e o filhos sonhavam.
Os minutos se passavam, as horas acumulavam, um anseio angustiante apertava o peito.
Depois de um comprimido o sono pesado veio, aliás vinha e ia, como um marola após uma ressaca.
Sonho, pensamentos ou conselhos esfumaçados? Os olhos ainda fechados, o que está por vir?

Manhã cinzenta ou noite clara, era chagada a hora, hora de acordar, ligar a cafeteira, espreguiçar diante do espelho, e pensar como será o novo dia. Agora não importa, o dever dita as notas da melodia do meu dia.

Quase sem querer e sem dar a mínima faço uma prece, sentindo falta de alguma coisa que me entristece, sem se quer saber do que se trata, a mente força, o corpo sente mas obedece e o coração padece.

Pronto saio, abro o carro e sigo meu destino, chove sem parar os carros se contrastam entre cores, cinzas e pretas, poucos brancos mas se pudesse bater as cores em um liquidificador ficaria como o céu com sua pesada cor.

Chego ao destino, aguardo o menino,  que me acompanha até o cliente, trocamos olhares apertamos as mãos, perguntamos as mesmas coisas, fazemos observações medíocres e vamos direto ao assunto.
Me agrada que eu te respeito, ou, seja você mesmo e ganha um desrespeito.
Em tom de reunião e seriedade de profissionais, trabalhamos, com pouco entretenimento o tempo passa mais rápido ou menos percebido.

Então recebo uma ligação, e imediatamente atendo, fato que não faço em ocasiões de reuniões, mas quase que como esperando, ouço a voz da minha mulher que pergunta,
- pode falar ou está em reunião?
- as duas coisas respondo em tom de interrogação,
- então, o Celso morreu, ele não aguentou a cirurgia teve uma complicação, respondeu a voz triste na outra ponta da linha,
e respondo sem querer, e sem a menor intenção
- eu sabia.

A foto abaixo foi tirada no dia 08-08-2009 em uma memorável festa de aniversário da Roselane, sua ex-esposa, onde o Celso cantou e tocou por mais de 4 horas, alegrando a todos e sempre com um sorriso enorme estampado no rosto. Com certeza esse dia ficará em nossas lembranças como um maravilhoso dia com o Celso.


Que Deus te Ilumine Primo e Irmão Celso.
São Paulo, 5 de junho de 2012.
Popi.