segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Conto: O Taxista Furioso



O Taxista Furioso.

     - Senhor, por favor, disse o taxista.
Um senhor baixo e forte, pelo tom de voz um homem viril e de ar confiante e firme.

     - Obrigado, respondi.

    A caminho do aeroporto de Cumbica o motorista fazia comentários sobre os trânsito pesado de São Paulo, que todos esses carros foram patrocinados pelo governo porque sempre que a indústria automobilística entra em crise o governo injeta dinheiro, libera impostos que incentivam a compra de mais automóveis. Claro que concordei porque sem dúvida nenhuma, o carro é um dos produtos que mais arrecada impostos para o governo, que por sua vez não tem a menor preocupação com o eminente colapso no transporte brasileiro que está prestes a ocorrer.

     - Não consigo entender porque nosso povo não reage a tanta podridão por parte dos políticos, disse o taxista.
     - Quando vejo esses * black bloc depredando o patrimônio público fico muito furioso, a vontade que tenho é de pegar esses caras e estraçalhar, dá mesmo tanto na cara deles, esbravejou o homem.
   
     - Sabe seu Carlos, antes de ser taxista eu era policial, e sei como funciona isso, por isso fico muito revoltado com atitudes desses idiotas, que na verdade se parar para perguntar muitos deles não sabem nem porque estão cometendo esses atos de vandalismo. São jovens que não sabem nem o que querem da vida, estão se aproveitando das manifestações para causar destruição.

Analisei as palavras do motorista, e emiti um pouco da minha visão sobre as manifestações que estão ocorrendo.
     - Estou um pouco cético sobre as manifestações, no início achei que estava muito bem orquestrada pelo grupo Movimento Passe Livre (MPL), que o povo realmente estava disposto a conseguir a redução das tarifas de transporte público, o famoso "20 centavos". Apesar de perceber que outras reivindicações estavam sendo ditas como palavras de ordem, por exemplo abaixo a PEC 37, tornar a corrupção como crime hediondo, e outras coisitas mas. Mas logo que as tarifas nas grandes metrópoles foram reduzidas, as manifestações legítimas perderam força com a recuada da MPL, que inteligentemente tirou o pé do acelerador quando viu que corria risco de ser usado por reacionários e conservadores. De lá para cá as manifestações são atos não soberanos e de anti democracia, onde vândalos destroem agências de banco e prédios do governo com a cabeça coberta e sem causa definida.

A essa altura o taxista se encontrava pensativo e disposto a dialogar mais a fundo, senti que o homem se encontrava em estado alterado, e não me senti bem, foi nesse momento que ele começou com umas palavras bastante agressivas, com palavrões e com expressões como:

     - " fico até arrepiado só de pensar" --.

     - Hoje tenho 52 anos, sou pai, sou avô, mas vou te falar um coisa, como essa luz que brilha aí fora,
se referiu o senhor motorista ao lindo dia que fazia no início da tarde de domingo.

     - se eu tivesse 22 anos e com a cabeça que tenho hoje, eu iria ser caçador de políticos, sairia na espreita de políticos como Lula, José Dirceu e Dilma, sentaria o dedo, e esquartejaria esses filhos da #*#¨ e colocaria seus pedaços em praça pública.

Aquelas palavras me surtiram um efeito tão negativo, mas tão negativo, que senti um mau estar enorme. Não fiz comentário, mas percebendo que o homem me olhava pelo espelho retrovisor, eu acenava com a cabeça de forma positiva. Sei que não concordava com suas palavras, mas achei que seria melhor não contra-pôr o que estava sendo dito, não pensei nisso no momento, mas qual seria a reação desse senhor se eu manifestasse alguma reação de descontentamento ou até mesmo algumas palavras de repúdio a tamanha violência? Não sei o que aconteceria, mas o simples fato de não ter contestado o discurso violento e retrogrado do taxista  me deixou incomodado e até mesmo triste.

Ainda no táxi mas já nos arredores do aeroporto, pensei que aquela conversa não me fizera bem, mas não dei muita importância a esse pensamento.
Saí do táxi me despedi do homem, que me informou seu nome: Mauro.

Depois de ter despachado minhas malas e trocado moeda em uma casa de câmbio, fui até a esteira e passei minha bagagem de mão no scanner  a moça que verificava no monitor o que estava na minha bagagem disse,
   
     - Este frasco que está na sua mochila tem mais de 100 ml?
     - Não tenho certeza mais acho que não, respondi.
     - Senhor vamos precisar que você despache o frasco, não poderá embarcar com ele, informa a     moça de forma profissional.

Foi quando respondi imprudentemente,
     - Não vou despachar nada, vou embarcar com esse perfume, pois comprei aqui no Duty Free semana passada. Comprei aqui, embarquei para o Chile e voltei para São Paulo, e ninguém me abordou, então senhorita, não vou me desfazer do perfume. O que irá acontecer agora?
Perguntei indignado.

A moça me olhou com um ar de surpresa e disse que eu teria de falar com a policia federal.

     - Então pode chamar a polícia federal, porque sem o perfume eu não fico, respondi.

A essa altura me encontrava extremamente nervoso e com a respiração ofegante, aquele momento era atípico, meu temperamento estava a flor da pele, então lembrei do taxista e suas palavras grosseiras.
Procurei me estabilizar e me tranquilizar com pensamentos amenos e conversando comigo mesmo:
     - Fique calmo, não precisa se alterar, procure outras alternativas, deve haver alguma onde não seja necessário desfazer do perfume.

Mas sem menos esperar apareceram dois homens de alta estatura, um magro com uniforme e outro gordo com roupa normal, o maior e mais gordo se aproximou de mim, cruzou o braço e com um tom alto e arrogante disse,
     - O que está ocorrendo aqui?

Respondi o mesmo que havia dito para a moça da esteira, e ele disse que eu teria de despejar o frasco no recipiente grande e que não haveria devolução, caso contrário eu não embarcaria.
Nesse momento senti um fúria grande, tão grande e estúpida quanto aquela que o taxista expeliu mais cedo, e então afirmei,

    - Se não posso ficar com o frasco vou jogá-lo no chão assim ninguém ficará com o perfume.

O homem se aproximou, estufou o peito e disse,

     - sim claro, faça isso e sofrerá as consequências. Você vira para um policial federal no meu território e diz que irá quebrar um frasco no meu lobby, faça isso e arque com as consequências.

Neste momento percebi a idiotice, virei para a moça novamente e perguntei,
     - existe alguma outra alternativa?
     - sim senhor, vá até ao balcão de despacho de malas e despache o seu perfume. Disse a moça.

Peguei minha mochila e fui até os Correios e enviei o perfume de volta para o endereço de minha casa.

     A reflexão que faço sobre todo o episódio, é que de alguma forma um lado agressivo meu foi despertado pelas palavras violentas do taxista, e que preciso praticar a força do pensamento, para que não seja influenciado por energias negativas vindas de situações externas.

Sem dúvida faltou praticar um dos grandes ensinamentos do Senhor Jesus Cristo:

 " Orai e Vigiai" .

* black blocs -  é o nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual grupos de afinidade mascarados e vestidos de negro se reúnem com objetivo de protestar em manifestações anti-globalização e/ou anti-capitalistas, conferências de representacionistas entre outras ocasiões, utilizando a propaganda pela ação para questionar o sistema vigente.


                                                                                      Por Popi.


domingo, 21 de julho de 2013

Poesia


Penasamentos escritos

Contemplam fatos 

Ou atraem tormentos

Mas não dá pra negar

Causam sensações e 

Ativam sentimentos


Popi.



Deixai vir a mim os pequeninos. Livro


    " Na prática dos valores reais, o homem adquire força e sabedoria para desvendar o que ficou escondido e levar luz onde o Sol ainda não brilhou.
    Nossa força psíquica tem potência incalculável que nos permite criar nosso mundo 
-- de alegrias ou de tormentos -- qual se cria uma nova fonte de água no momento em que é preciso. Assim, somos capazes de criar nossas defesas ou então, de passar pelo triste domínio da descrença e da dor. " 

Li esse texto de Simone, no livro Deixai vir a mim os pequeninos, e pensei em dedicar a todos meus amigos e amigas que vivem momentos de desânimo.


sábado, 13 de julho de 2013

" Na luta dessa vida precisamos entender 

  Que depois do anoitecer

  Vem um novo amanhecer "





terça-feira, 11 de junho de 2013

O Pensamento, a Evangelização, as Crianças, e o Amor


Antes tudo parecia hostil
O entardecer trazia aflição, náusea e pensamentos ruins
As noites caíam e meus anseios devaneavam
A madrugada claro era ponto de encontro comigo
A dor o remorso e a insatisfação...
Por o que? Não me perguntem não sei dizer.

Calor, suor, sono desregrado cativavam minha existência na escuridão.
Ao amanhecer sentia o peso nos olhos, nos ombros e cumpria o ritual
Levantar, abrir o olho e não enxergar, escovar os dentes,  ligar a TV
E correr para a cafeteira... normal
Mas e daí, as tarefas do ofício, o destino do dia inteiro, trabalho, excessos
Tudo amontoado incerto, desprezíveis reuniões, contas acumulavam e tudo parecia
Impossível, sem um centelho real de vida, de missão de vida eu vejo agora claramente,
Claro como a mente.

Os desdobramentos seriam grandiosos, mas como, o que e quando,
No meu interior, eu procurava as respostas, e não encontrava...
Mas é isso, o meu interior, por que? Por que não encontrava o que procurava?
Mas é isso, não via nada, porque não sabia o que procurava.

Acredito que a transformação aconteceu, porque eu olhei, mesmo sem encontrar, eu insisti
E insisti, e quanto mais procurava mais me motivava
O auxílio estava na caridade,  dividir fins de semana com seres adoráveis, que procuravam a verdade
Pondo no coração a compaixão e o amor,
Sem medir esforços e sem olhar á quem, bonitas palavras da prece que aprendi.

Mas ainda assim a batalha era necessária
E não cessava
Quem disse que o fim chagava, que nada,
Continuava a luta com intrepidez
Por mais que meus pensamentos me transgredia a sensatez
Não desista, ore, busque métodos e auxílios, leia novenas,

Ore, ore, traga suas mais belas virtudes, pense, isso mesmo, pense.
Pensamento, a real materialização do espírito.
Que controversa, o pensamento o verdadeiro, o que conta, o que alimenta
O espírito.

Então aos poucos, fui contemplado com meus alunos de Paraisópolis, como estou feliz
Em escrever, dizer e refletir sobre...
Meus alunos de Paraisópolis
Como é forte esta sentença, como é real essa afirmação,
Eu diria com uma dosezinha de satisfação, mas com o pé no chão, para que as vontades
do sentimento de orgulho não se aproximem, pelo contrário sejam ainda mais distanciadas
Aquelas crianças me ensinaram a amar de verdade.

A Evangelização do Seara, espíritos cheios de experiência de muitas jornadas, hoje aqui e agora
Prestam atenção no que eu, errante, marujo navegante, tenho para dizer à eles.
Como isso me leva gradativamente a infinita e eterna bondade de Jesus Cristo, Nosso Senhor!
Obrigado pela oportunidade e pela misericórdia.

Conscientemente sei que o caminho é longo, espinhos. rochosos e cheio de travessias perigosas,
Estou aqui disposto a servir com Amor, Evangelizar para educar não as crianças mas os Espíritos.

Graças à Deus!



Poesia

Minha Fama e Vida
                                                                 Por Victor Martinez

Minha fama é boa
Eu como até broa
Minha fama e famosa
Também é gostosa.

Minha fama é um show
Sacou "bro"?
Eu sou bom no som
Mas também sou bom no tom.

Eu quero viajar
Mas não tenho lugar
Minha vida começa com a natureza
Que é uma pureza.

Eu adoro comer manga
Junto com meu panda
Meu leão
Come pão.

Eu ganhei um troféu
Que veio junto com um pastel
Quando eu escrevo o número três
Chega logo um freguês.

                         
               Esta poesia foi escrita pelo Victor Duarte de Oliveira em 2007, na ocasião a poesia lhe garantiu o troféu de primeiro lugar de melhor Poesia dos alunos de sua faixa etária dos Colégios Equipe. Ele optou por assinar com o pseudônimo de Victor Martinez.

sábado, 9 de março de 2013

Literatura - Para quem quer escrever


          Esse texto da Thalita Rebouças é delicioso. De maneira sincera e descontraída ela dá importantes dicas para quem quer escrever um livro mas não consegue iniciar.

Para quem quer escrever!

"Recebo vários emails de pessoas que pedem conselhos para iniciar a carreira de escritor e me fazem perguntas sobre o mercado editorial, sobre como começar a escrever um livro, alguns me pedem para analisar seus textos (o que eu nunca faço, já que não me sinto apta para criticar a criação artística de outras pessoas)... 
Mas as interrogações sempre fazem sentido. Afinal, para ser escritor não existe faculdade, não existe curso, você simplesmente vira escritor. Assim, do dia para a noite. Num estalar de dedos. Como não existe receita, resolvi botar aqui algumas dicas básicas, dicas que respondem a maioria das perguntas que recebo. Para minha alegria, elas têm ajudado muita gente que está perdida e não sabe por onde começar. Espero que te ajudem também.
Se você já está com seu primeiro original prontinho, clique aquiMas se você sonha em ser escritor e ainda não botou as manguinhas de fora: 
1) Nunca é tarde para correr atrás de um sonho. Zélia Gattai começou a escrever aos 63 anos, furou as orelhas aos 80 e hoje é imortal. Mas comece logo. Agora, se possível, tenha você 15 ou 80 anos. Escrever um livro leva tempo, então por que esperar mais? Cada dia de espera é um dia perdido, não volta mais. Aliás, esta dica serve para qualquer sonho que você tiver. Acredite e comece a se mexer. Ficar em casa assistindo à Sessão da Tarde não ajuda nada.Lembrei-me agora de uma passagem do primeiro livro do Amyr Klink, Cem dias entre Céu e Mar, em que ele conta uma coisa muito bonita. Seu medo maior não era das tempestades, dos tubarões ou da solidão. Seu medo era de nunca sequer partir para tentar realizar o seu sonho de cruzar o Oceano Atlântico remando. Não tentar pode ser muito, muito mais doloroso do que fracassar. Portanto, por mais difícil que possa parecer, NÃO DESISTA! 
2) Não se preocupe se os seus primeiros textos não forem um primor. É muito difícil acertar a mão logo de primeira. Continue tentando, continue insistindo. Você vai melhorar. Como dizem os ingleses, "a prática traz a perfeição". Escreva e reescreva cada parágrafo, cada capítulo dezenas de vezes, se necessário. Eu só paro de alterar um livro quando a editora me obriga a entregar os originais para iniciar o processo de publicação. 
3) Aliás... o ato de escrever se resume, basicamente, a duas etapas: a primeira consiste em despejar a história no papel. A segunda, minha preferida, em burilar esse texto "despejado". Lembre-se de que, como disse o filósofo francês Voltaire, escrever é a arte de cortar palavras. Acredite, é um dos melhores conselhos para quem quer viver de escrever. Não tenha pena do seu texto, corte, corte mais uma vez, mais uma. Limpe as arestas, enxugue as gorduras, mesmo, sem dó nem piedade. Assim, seu texto fica mais enxuto a cada leitura, a cada tratamento e, um belo dia, ele vai estar pronto, tinindo, apenas esperando que você dê a partida e o envie para as editoras.  
4) Se você é do tipo que entra em pânico diante de uma tela de Word em branco, compre um gravadorzinho. É uma excelente ferramenta de trabalho, vivo com o meu para cima e para baixo para não deixar as idéias sumirem na memória. Muita gente me diz que o difícil é começar a escrever, que dá um branco, parece que tem uma barreira etc. Com o auxílio do gravador, você simplesmente conta a história para você mesmo. Acredite, depois fica fácil passar para o papel. Você começará apenas transcrevendo suas idéias mas, aos poucos, vai tomar gosto pela escrita e pelo processo de lapidação de texto. E posso adiantar uma coisa? Prepare-se, é uma delícia.  
5) Uma forma bem bacana de praticar a escrita (e também de aprender a encarar as críticas numa boa) é criar um blog. Eles proliferam na internet e vieram ao mundo para mostrar o talento de muita gente que andava escrevendo escondida por aí. Além de ser uma maneira de mostrar a sua cara (e seu texto, claro), o blog pode te ajudar a ser encontrado por uma editora, já que cada vez mais a web se firma como celeiro de bons escribas. Se quiser conhecer o meu blog, clique aqui. 
6) Não escreva sem saber aonde quer chegar, fica muito difícil. É claro que você pode – e deve – mudar a sua história ao longo do tempo, mas sempre tenha um objetivo definido. Um exemplo: quando comecei a pensar em escrever o Tudo por um Pop Star defini que seriam três amigas, fãs fanáticas (e desastradas), capazes de fazer as maiores loucuras para chegar perto de seus ídolos. Os detalhes vieram depois, nasceram enquanto eu escrevia. 
7) Escolha um tema familiar, com o qual você se sinta à vontade. E pesquise o quanto for preciso para dar consistência ao seu romance. Com a Internet, pesquisar os mais diversos assuntos ficou bem mais fácil. E é uma das partes mais gostosas do trabalho de escrever um livro. 
8) Se a história empacar, deixe o livro de lado por algum tempo, mas não desista. De tanto revisar uma parte, você pode acabar não vendo mais o que precisa ser corrigido. Deixe o texto descansar por algumas semanas e depois volte a ele com olhos renovados. Problemas que pareciam insolúveis se resolvem naturalmente.  
9) Observe. Tudo. No carro, na portaria, no elevador, na night, observe tudo e todos. O cotidiano é uma infindável fonte de inspiração (bebem dela grandes autores, como João Ubaldo Ribeiro, Mário Prata e Fernando Sabino, só para citar alguns). Um comentário aparentemente inútil e sem importância que você ouviu no elevador pode render idéias saborosas para crônicas, contos e até romances. Fique de olhos e ouvidos bem abertos! Sempre.  
10) Cuidado com a opinião de amigos ou mesmo de parentes. Ela pode ser desfavorável (ou não tão otimista quanto você esperava) e abalar a sua garra. Lembre-se de que a última coisa que os pais de Paulo Coelho desejavam era que ele se tornasse escritor. E quem vai dizer agora que ele estava errado? Além do mais, seu livro, por mais que você o ame e o ache perfeito, sempre desagradará a alguém. Nenhum livro (nenhum, mesmo!) tem aprovação unânime. Se alguém criticar seu texto, procure encarar com naturalidade. É difícil, mas é preciso.  
11) Molho. Massa sem molho é uma lástima. Fica uma coisa sem graça, insossa, zero apetitosa. Texto sem molho é isso aí e mais um pouco. Escrever corretamente é uma coisa. Escrever com molho é outra. Uma boa história é capaz de prender o leitor. Mas uma boa história com molho pode conquistá-lo e ser o ingrediente que levará seu projeto de livro para frente. Luis Fernando Veríssimo, Fernando Sabino e João Ubaldo Ribeiro são ótimos exemplos de autores que sabem dar molho ao que escrevem. 
12) Leia. Leia muito. Livros, jornais, revistas, bulas de remédio, manuais de máquinas fotográficas, blogs, gibis, não importa. É lendo que ficamos em contato com a matéria-prima de todo e qualquer escritor: a língua portuguesa. É como o treino para um jogador de futebol. Sem leitura, um escritor que podia ser craque vira apenas mais um perna-de-pau. 
Para quem já está com seu primeiro original prontinho:
  • A) Registre seus originais na Biblioteca Nacional antes de enviá-los a uma editora. O procedimento é simples e está descrito no site da instituição. Importante: este registro não precisa ser enviado para as editoras junto com os originais. 
  • B) Envie, junto com uma carta de apresentação caprichada, um exemplar encadernado para todas as editoras que você acha que têm perfil para publicar o seu livro. Muita gente me pergunta se pode mandar os originais em formato digital. Melhor não. O ideal é que seus originais cheguem à editora impressos e encadernados. Mas isso é o óbvio, né? Só que é preciso tomar alguns cuidados. Se você simplesmente enviar os originais num envelope pardo, pode ter certeza de que ele vai acabar numa pilha que, usualmente, vai do chão ao teto. As editoras simplesmente não conseguem avaliar todos os originais que chegam para elas.  Para que isso não aconteça, invente uma forma criativa de se destacar dos outros candidatos a escritor. Exemplos: mande os originais numa caixa enorme, cheia de balas. Ou mande numa caixa colorida. Ou o que mais você inventar para aparecer mais do que os outros. Claro que você pode ter sorte, como teve ninguém menos que J. K. Rowlling, a criadora de Harry Potter, o bruxinho mais famoso e milionário do mundo. Foi do topo de uma pilha dessas que foi pego seu primeiro original, simplesmente porque um compromisso do agente foi cancelado. Mas, na dúvida, vamos sempre tentar dar uma mãozinha para a nossa sorte. 
  • C) Coloque um pinguinho de cola a cada dez páginas dos seus originais. Assim, quando uma editora qualquer devolver seu texto alegando não ter interesse em publicá-lo, você poderá checar se ele foi ao menos lido e avaliado. Meu marido, o Cao, fazia isso quando não tinha ainda nenhum livro publicado e denominou a técnica de "colagem anti-depressão". Muito útil. Diversas vezes ele recebeu de volta os originais e pôde verificar que eles não tinham sido sequer folheados.  
  • D) Se depois de um ano você não receber nada a não ser cartinhas do tipo "que pena, mas para os próximos meses nossa programação já está fechada", comece a cogitar uma pequena edição independente. Voltando ao exemplo do Cao, essa foi a decisão dele e, após a venda de 800 exemplares (nos bares, em pequenas livrarias etc.), ele acabou sendo convidado pela Editora Record para reeditar seu primeiro livro, O Brilho dos Pássaros, e, em seguida, lançar o segundo, A Janela Entreaberta. 
  • E) Se for fazer sua edição independente, muitíssimo cuidado com a escolha da capa, do título e com o preço final para o leitor. Quanto mais barato um livro, mais fácil vendê-lo – principalmente quando se trata de um autor iniciante. O título e a capa, claro, devem ser bonitos e bem cuidados. Mas também precisam ser comerciais e espelhar bem o conteúdo do romance. Um exemplo de livro com título poético e capa bonita que não funcionam bem comercialmente é O Brilho dos Pássaros, do Cao (mais detalhes em www.carlosluz.com.br). O livro conta o que acontece a um rapaz de 20 e poucos anos após a sua morte, mas se o provável leitor não pegar o livro e ler a contracapa jamais descobrirá. Acho que é só isso que ainda impede esse romance de se tornar um imenso sucesso, mas com o tempo ele chega lá, tenho certeza. Tudo teria sido muito mais rápido se o título escolhido tivesse sido, por exemplo, Depois que morri. 
  • F) Por mais que você ame desenhar e seja um ótimo ilustrador, deixe a capa aos cuidados da editora. Não que você não possa opinar e dar sugestões quando chegar a hora, mas a palavra final nas capas dos livros costuma ser da editora.  
  • G) Mandar os originais em formato de livro pronto também não impressiona as editoras. Elas são 100% responsáveis pela parte gráfica de um livro (tipo de letra, encadernação, capa, contracapa, tudo). A parte que cabe ao escritor é apenas o texto.   

  • H) Muita gente me escreve perguntando como é feito o pagamento aos escritores. Normalmente, as editoras pagam 10% do preço de capa trimestralmente. 
Por enquanto é isso, mas aos poucos eu boto mais dicas por aqui.Mãos à obra e... BOA SORTE!"




























Por Thalita Rebouças

Zico 60 anos.



Zico! 

Fez da minha infância glória!

Marcou cada ano da década mais especial da minha vida a década de 80.
Me fez virar casaca diante da narração inesquecível de Jorge Curi, quando Zico ao cobrar um corner na medida para a cabeçada de Rondinele, aos 43 minutos do segundo tempo de uma final de campeonato, proporcionou o gol do título em 1978, contra o clube da Colina de São Cristovão.
Deixei naquele cruzamento mágico dele, de torcer para o time das Laranjeiras, para ser Campeão diversas vezes com o Flamengo.

Sou Flamengo graças ao Zico, por isso esse espetacular atleta, 
homem íntegro, profissional exemplar é o maior craque que vi jogar.

Parabéns Zico.

Conto - Último Capítulo



Último Capítulo

O som do programa jornalístico na TV ao longe não incomodava Ravel que escrevia um texto, mais um dos vários textos incompletos que faziam parte do seu dia a dia.  O som da porta do quarto a frente abrindo o despertou, em forma de susto, sentiu seu corpo saltar em batidas aceleradas dentro do peito.

- Ravel? – Perguntou Nora com um sussurro embargado e com a garganta arranhada por um leve resfriado
- Estou indo Nora. - Ele resmungou agora irritado.
- O que está havendo Ravel? - Disse Nora com expressão suplicativa, mas em baixo tom. Nora continua, - Não vou aturar mais essa sua indiferença, vou voltar para o Rio de Janeiro se você voltar a beber durante a noite.
- Nora, sem essa, não começa. - Replicou Ravel.

A porta voltou a fechar atrás de Nora.
***

Entre uma esquina e outra, Ravel conseguia suportar a fadiga em suas pernas e as batidas no peito, enquanto corria. Lêu na revista Running que os pulmões devem ser exigidos a trabalhar fortemente com profundas inalações para que os pulmões se expandam ao máximo, de modo que o peito cheio de oxigênio dilatasse e armazenasse mais ar, aumentando a resistência do corredor. Embora essa técnica não adiantesse naquela noite, afinal Ravel reduziu seus treinos a uma vez por semana, a poucas semanas os mesmos pulmões corriam dia sim dia não.
Por nenhum motivo aparente Ravel gostava de correr por 9 km, nem 5 nem 10, tinha de ser 9 km. Contudo esta noite Ravel pretendia correr apenas 6 km, caso contrário seu plano seria prejudicado. A cada sopro exalado Ravel sentia seu peito bater mais forte, também por emoção, pois ali morava um coração apaixonado e ansioso pela surpresa que estava preparando para Nora.

Nora estava no Rio em uma viagem de negócios, tinha acordado tão cedo para pegar o primeiro Ocean Air vôo do dia, Ravel nem tomou conhecimento, também pudera foi para cama quase as quatro da matina.
Combinaram que assim que o vôo para São Paulo pousasse em Congônhas Nora ligaria para Ravel buscá-la no aeroporto.

Durante o horário do almoço Ravel fora ao shopping comprar o presente de Nora; um livro que Nora havia folheado dias atrás no mesmo shopping, com muito entusiasmo Nora contou parte do texto que lera na orelha do livro.
Já retornando de seu treino Ravel olhou para o seu relógio Polar e percebeu que teria aproximadamente uma hora para terminar seu treino e terminar toda surpresa para Nora. Pensando em comprar mais flores para colorir ainda mais o grande momento, ficava imaginando todos os detalhes, planejava tanto que por algumas vezes pensou em voz alta cada etapa da surpresa.

Ao atravessar uma deserta rua ouviu por detrás de seu ouvido esquerdo aproximação de uma moto, com um ronco tosco e úmido de óleo velho, um forte calafrio subiu sua nuca, um vento frio e suave levantou sua camiseta, como consequência do deslocamento de algo motorizado, que em instante estava ao lado de Ravel. Dois homens ainda em cima da motocicleta, usando capacetes de cor preta e rosa emparelhara com Ravel, que assustado trotava em rítimo lento.

- Peraí mano, para aí mesmo, não tem para onde – disse o homem da garupa.
Ravel encostou rapidamente na grade de uma loja de móveis de vime, a avenida estava repleta de carros em alta velocidade, mas o local era favorável aos assaltantes, pois a calçada era larga e a moto estava entre uma pequena árvore e Ravel, que rapidamente percebeu um feixo de luz refletindo, entre a barriga de um dos homens e as costas do assaltante condutor, tratáva-se de um comprido cano do revólver.

- Meu, passa o relógio e o mp4, rápido! _ Gritou o assaltante,

         - Não tenho MP4 nem... Ravel iniciou a resposta e foi interrompido por um estalido e seco disparo, que atingiu o tronco de Ravel rompendo a carne um pouco abaixo de seu mamilo esquerdo.

- Pôrra meu... putz... o que você fez?  - Gritou o figura que estava no comando da moto.
– Êta porra! Essa merda disparou sozinha, - Trêmulo o homem de capacete rosa berrou. 

Em uma forte arrancada a moto derrapou sobre a estrada e disparou em alta velocidade pela avenida.

Em um pensamento rápido, Ravel levantou-se e olhou para os carros que passavam na Avenida, sentiu vergonha por ter estado no chão,
então seu pai lhe perguntou se estava bem, Ravel sorriu para seu pai e disse,

         - Claro que estou bem e você, como está Pai? – Respondeu Ravel.
- Estou bem meu filho, venha vamos sair daqui, informou o Pai de Ravel olhando ao seu redor como se estivesse atento à algum risco.

Ravel chegou em casa e foi correndo para o quarto, para verificar por mais uma vez se a as pétalas espalhadas pela cama seriam suficientes para agradar Nora.

Surpreendeu-se com a presença de Nora, ela já estava sentada na cama abraçada com o livro A Casa de Vidro. Nora movimentou lentamente a cabeça em direção a Ravel e ainda com os olhos cheios de lágrimas disse:

- Por que Ravel? Por que?

Ravel sorriu e antes que pudesse dizer o quanto a amava e se aproximar, Nora tomou a frente em direção a porta da entrada, porque a campainha acabara de tocar, Ravel sentou na cama e ainda sorrindo ergueu o braço e pegou o livro.

Nora recebeu uma amiga do trabalho e disse,
- Eu não acredito que isso está acontecendo comigo Tatiana.
Em silêncio Tatiana a abraçou apertado.

Ravel levantou em direção a sala, porém antes mesmo de sair do quarto seu pai entrou de repente na sua frente.

         - Oi pai você por aqui de novo? O senhor está ótimo.

O pai de Ravel estava vestindo um pulôver branco e uma calça creme com pequenas listras horizontais e verticais de cor azul.

         - Você viu o presente que eu comprei para a Nora, ela ficou até emocionada com a surpresa. Espera um momento. Indagou surpreso Ravel. Onde estão as pétalas de rosa vermelha que espalhei pela cama e pelo apartamento?

Continuou em silêncio o pai de Ravel.

Nora já não se continha mais, agora sentada no sofá de couro estava em prantos nos braços da amiga.

Ravel olhou para seu pai logo que viu Nora em prantos, olhou para a porta de vidro que separava a sala e a sacada do apartamento, e percebeu uma pequena luz azul, mas muito firme que girava em torno de seu próprio eixo.

Sem dizer nada Ravel sentiu seu peito molhado e percebeu que sangrava bem sobre o coração.

Nesse instante Nora disse,
         - Eu queria muito falar com ele aquele dia, pressenti que algo ruim estava para acontecer.
                                                                                                                           
                                                   São Paulo, 19:53 do dia 14 de outubro de 2012.
                                                                                                                         Por Popi.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Conto - Duque


Duque


               Antônio estava quieto, estático mesmo, pensando, sentado na beira da cama de colchão de palha. Não se mexia, olhar fixo em minha direção, olhos arregalados, sobrancelhas baixas e testa relaxada, contudo olhava-me mas não me via.

               - Antônio não é de muita conversa eu sei, mas..., pensou sua avó.
               - Menino bonito, esperto e com jeito de filósofo, sempre fazia perguntas profundas, o que será que houve? Por que está tão calado? Continuou a pensar D. Nilza,
               - Talvez, esteja com algum problema, ou será que brigou com o irmão e as primas?
Não deve ser nada de mais, ele está crescendo, sussurrou vovó Nilza.

Lembrou que precisava espiar o arroz que a essa altura cheirava muito bem, refogado com alho, cebola e um pouco de bicarbonato. Sem querer incomodar o momento de Antônio, então D. Nilza lentamente iniciou sua caminhada em direção a cozinha. A amável Sra. teve de desviar dos obstáculos que estavam postos no chão, pequenas e médias latas de azeite e óleo de cozinha, daquelas em formato quadrado, que mais pareciam veículos de carga, isso porque alguns estavam cortados com areia e terra dentro, havia também duas tampas de panela velha que Antônio e seu amigo Léo utilizavam como volantes de ônibus.

                - Sai, sai da frente, resmungou com firme voz D. Nilza.

Apesar de todos aqueles brinquedos que simulavam um grande canteiro de obra em poucos minutos D.Nilza descobriu a panela do arroz e começou a descascar os ovos para o almoço, que seria servido com chuchu cozido no louro, uma delícia.

                 A casa estava em silêncio, fato nada comum nessa época do ano, começo de janeiro durante as férias escolares, nesse tão esperado período do ano, os netinhos de D. Nilza passavam 10 dias em sua casa no interior, e claro ela adorava.

                - O que será que está acontecendo? Onde estão o Victor a Laura e a Raissa? Pensou a preocupada avó,
                - Bom vou terminar o almoço e logo procuro entender, afinal notícias ruins chegam à cavalo, disse em voz baixa a preocupada velhinha.

               Do lado de fora, na parte de traz do grande quintal da casa, os cachorros estavam calmos, sem a menor agitação, Kendal, a cadela matriarca da cachorrada estava deitada ao lado de Victor e Raíssa que velavam o pobre animal. Seu focinho estava pálido e com pouca umidade, suas orelhas estavam amassadas, principalmente a que estava entre a cabeça e o chão, apesar do retalho cor de vinho todo sujo, que forrava o chão.

               Victor parecia desolado, menino inteligente, aliás menino não, já tinha 14 anos, com muitas qualidades, talvez a mais evidente era sua boa vontade com todos, sempre tratava todos da família ou amigos da família com muito carinho. Nos últimos anos as visitas a sua avó ficaram mais raras, já que seu tempo de folga e férias eram preenchidos por bate papos cabeças com seus amigos adolescentes e longas horas em frente ao vídeo game. Entretanto este ano ele fez questão de passar mais uma férias com sua avó, em Ipiabas exatamente como fazia em sua infância. Ao seu lado estava Raíssa a prima predileta, mesmo que ele negue todos percebem o carinho que Victor tem por sua prima mais velha.

               Raíssa, é uma menina muito meiga, linda a jovem moça, sensível e doce, todos gostavam dela. Raíssa já não passava as férias em Ipiabas com sua avó, me parece que ela tinha um namoradinho no Rio, estava por aqui só para o fim de semana.

              Logo chegou Laura, e agachou-se próximo ao Victor, não disse nada, mas respirou profundamente, como estivesse se preparando para algum acontecimento forte. Laurinha, era a netinha caçula, menina sapeca de temperamento forte, com uma inteligência que seu tio comentara por diversas vezes como sendo uma menina a frente de seu tempo, isso porque ela pensava rápido e sempre de uma maneira assim, fora da caixa, acho até que ela é levada, mas também dócil e feliz.

Aproximei-me de Laura e logo ela me afagou a cabeça, imediatamente ajeitei o corpo para poder baixar minha cabeça em sua coxa, não entendi muito o porque daquele ar triste afinal, a Kendal não vai morrer, ou será que vai?

Kendal levantou o focinho como quem farejava algo, mas logo parou e me olhou tristonha, senti que devia fazer alguma coisa para ajudar, então levantei-me e fui em direção ao Antônio, subi os 8 degraus da escada da varanda atrás da casa que dava para cozinha, entrei correndo na casa e fui até o quarto que Antônio se encontrava. A essa altura Antônio parecia ter chorado, suas maçãs da face continham rastros de sujeira que desceram pelo rosto, parecia pequenos córregos negros e secos.

Antônio me olhou e perguntou,
                  - Será que a Kendal não vai superar o trauma e vai morrer?

Não entendi muito a pergunta mas infelizmente não pude responder, apesar de ter me esforçado em demostrar solidariedade com sinais corporais. Antônio então me abraçou e se levantou rapidamente, fui atras dele na esperança de que ele faria algo para tirar todos daquele clima de velório.

Ao chegarmos no quintal Antônio perguntou ao Victor,
               - E se arrumássemos outro filhote para a Kendal Irmão? Será que ela ficaria melhor?
               - Onde vamos arrumar outro filhote Tuninho? Pergunta Laurinha, com ar decisório.
               - Não sei, mas não podemos ficar aqui parados, vendo a Kendal tão triste, responde Antônio.

Victor se levanta, bate as palmas das mãos a fim de retirar a terra grudada, neste momento Kendal levanta a cabeça e discretamente abana o rabo, foi quando tive o estalo e comecei a imaginar como poderia reanimar a Kendal, talvez se brincássemos de jogar ossos com o Victor, Antonio e Laurinha, ou se fossemos todos correr na estrada do hotel lá no alto da colina em frente da casa como fazíamos antes, ou talvez brincar de caçar Jacus que pousam nas copas das árvores enquanto ficamos embaixo: a garotada finge de caçador e a cachorrada finge de cães de caça.

De repente Victor, grita...
                  - Vóóóó, o almoço já está pronto?
                  - Siiiiiim, podem vir, responde D.Nilza lá de dentro da cozinha.
                  - Nossa, eu estou morrendo de fome, diz Raíssa,

Laurinha levanta e corre em direção a casa sem nada dizer.

                 - Tuninho não fica assim, vamos almoçar, diz Victor preocupado com o irmão.

Antônio não responde, continua de cócoras olhando tristemente para Kendal.
Victor continua fitando o irmão por alguns segundos e chama Raíssa,
                 - Vamos almoçar Raíssa, fala Victor.
Os dois levantam e abraçados lentamente procuram o caminho da cozinha.

                Neste instante não tenho duvidas, o Antônio é o único que ama os cães de verdade, ele realmente está triste e preocupado com a Kendal por ter perdido os filhotes no seu oitavo parto.

Levantei-me e com os dentes agarrei o osso de borracha e levei até os pés do Antônio, ergui um pouco a cabeça abanando o rabo comecei a lamber o rosto do Antônio, que neste momento me abraçou apertadamente, e disse,

- pobre Duque.



São Paulo, 9 de janeiro de 2013.
Popi.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Poema - Homenagem à Arte


Homenagem à Arte.
(Por Luís A. A de Oliveira)

Escrever poema é para muitos um dilema,
Representar e tentar protagonizar no dia a dia é humanamente imbecil, 
Porque castra a criança que nos acompanha até aos 80.
Arte é um forma de potencializar o benigno, 
Promover a cultura é expressar o que há de mais digno.

Artistas são cercados de conflitos,
São muitos os lamentos,
Nos palcos deste país cultivam nossa cultura,
E revelam a nossa criatividade com desenvoltura
À plateia emana, e energia assopra,
Sente alegria, tristeza, emoções diversas
Ninguém fala, ninguém diz, ri, chora.

Fazer música é dom divino, 
cantá-las é como agradecer aos deuses,
Aquelas vozes lindas de meninas, vozes femininas, 
Afinam os ignorantes e cativam os anjos.

Dourada seja ou pelo menos deverias ser
A vida de um dançarino,
Derrama-se nos palcos, com técnica e doçura para emocionar você,
Nobre, pobre, belo e feio, não importa o bailarino
A Dança, sintetiza, alcança, inclui e educa.

Escrever poema é para muitos um dilema,
O escritor admira o criador,
E o poeta cria orações com harmonia,
Abstratamente ou concretamente a vida imita a arte, 
Mas a arte sugestiona a vida.


São Paulo, 5 de Janeiro de 2013.











Música - Subitamente Só



"Subitamente só"
(Composição de Luís A. A de Oliveira)


Tantas razões para ficar ao seu lado,
mas assim mesmo não entendo o que está errado,
nossos olhos se encontram na rua de baixo,
aguardo seu momento escuto seu pulso,

hoje vejo como fui cego ontem, e a falta que você me faz,
sou rastro de um passado que rasga o amanhã 

Carros passam, meninas cochicham e quase aos gritos homens de ternos
fumo outro para tranquilizar meus anseios
chove muito no bairro mas garoa no inverno
não diga nada estou em prantos em seus seios

hoje vejo como fui cego ontem, e a falta que você me faz,
sou rastro de um passado que rasga o amanhã

mulheres criaturas batalhadoras e ansiosas,
lida com problemas incessantes, dia a dia intenso,
irresistível vontade de fundir nesse corpo,
sentir seu calor e umidade de mulher

hoje vejo como fui cego ontem, e a falta que você me faz,
sou rastro de um passado que rasga o amanhã

sou rastro de um passado que rasga o amanhã

sou rastro de um passado que rasga o amanhã

2 X


São Paulo,  05 de janeiro de 2013.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Meu amigo oculto



Meu amigo oculto

"O meu amigo oculto é," digo com um certo nervosismo afinal falar em público não está
entre minhas habilidades.

"É o Davi," grita alguém no meio da festa.

"Não, não é o Davi, ele é muito mais importante que o Davi."
Respondi rapidamente. O Davi foi mencionado porque no Natal do ano passado ele foi
meu amigo oculto, e naquela ocasião para confundir a todos que tentaram adivinhar o
meu amigo, disse que o amava, mas minhas palavras saíram como um trunfo para os
palhaços que não perdem oportunidade de caçoar dos outros.

"O meu amigo oculto é como a fonte do ribeirão que banha e refresca os meu dias toda
manhã." Ao terminar a frase os gritos no meu entorno sumiram, dando lugar a um
abafado silêncio, como se meus ouvidos tivessem cobertos com fones.

"O meu amigo oculto é como aquele passarinho que voa sobre as árvores rasteiras e
espalham as sementes por todo canto e caminhos que sigo todos os dias."
Não consegui conter as lágrimas, respirei fundo, prossegui...

"O meu amigo oculto é como o sol do alvorecer, traz a renovação de uma
nova página da vida, mas com a esperança de um lindo dia."

"O meu amigo oculto é meu filho Antônio!"


Essas seriam minhas palavras para meu amigo oculto, meu filho mais novo
Antônio Duarte de Oliveira, se conseguisse conter a emoção que sentia naquela noite de Natal.


Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2012.
Popi.