terça-feira, 10 de agosto de 2010

Literatura

          Cheguei apressado a um salão de beleza em São Paulo, já passava das 19:30 e sabia que seria difícil conseguir cortar meu cabelo, mas com uma certa insistência consegui que a Raissa, menina simpática que trabalhava na recepção do salão, me aceitasse como último cliente da segunda-feira.
Em seguida conheci o cara que iria cortar meu cabelo que rapidamente me conduziu a cadeira baixa e inclinada onde seria o lava-a-jato de meu pêlo.
Sentei deitando-me na cadeira, esperando uma rápida massagem que claro muito bem vinda depois de uma segundona exaustiva por consequência da labuta. Descansei, relaxei e quase os olhos fechei, mas me surpreendi com uma leitura sensacional que estava em letras milimétricas, assímetricamente pintadas, cuidadosamente contornadas no teto do salão, bem a minha vista. A princípio apreciei a inteligência daquele que teve a brilhante idéia de escrever algo no teto bem na frente dos inclinados clientes que ansiosos aguardam por uma massagem no couro cabeludo. Ao iniciar a leitura percebi ser de um conteúdo profundo e de um talento mais um talento...


“Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver

Apesar de todos os desafios,

Incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas

E se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si,

Mas ser capaz de encontrar um oásis

No recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um “não”.

É ter segurança para receber uma crítica,

Mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou

Construir um castelo ...”

Fernando Pessoa.


Esse pequeno momento me trouxe uma gratidão interior que não consigo descrever ao certo, mas simplesmente entender que um pequeno rompante literário abriga de forma sensível o mais intenso sentimento de felicidade.

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