sexta-feira, 25 de março de 2011

Conto - Bode Bernanrdo

Bode Bernardo

Antonio Carlos pediu demissão no maior banco de sua cidade, e após cumprir aviso prévio deixou para trás uma carreira promissora, apesar de jovem exercia um cargo importante, mas sem a menor preocupacão com seu futuro em uma entidade financeira. Antônio Carlos estava feliz, chegara finalmente o momento de abrir seu primeiro negócio, e montou uma granja. Isso mesmo uma granja com galinhas poedeiras e codornas, chegou a somar 750 franguinhas jovens que punham ovos vermelhos, e 600 codornas que mais pareciam pequenas máquinas de botar. Numa manhã de domingo, o vizinho Pará do sítio ao lado chamou Antônio Carlos, 
 E aí moleque como vão tuas galinhas? Quer fechar um negócio?  

Pará trazia apertado no entorno de sua mão direita uma corda grossa e suja, na outra ponta em dois nós muito bem apertados estava um bode. O bicho era bonito e gordo, de cor marrom com manchas pretas e brancas, tinha chifres longos porém grossos que mais pareciam dois cachos ou caracóis. Antônio Carlos ficou impressionado com a beleza do bode, quando foi chamado atenção, 


– Troco por 8 galinhas suas,  disse Pará. 
– Troca o bode você quer dizer? – Perguntou Antônio Carlos. 
– Sim, troco o bode por oito galinhas suas, da minha escolha, – Pará respondeu com ar de negociador.
Antônio Carlos despediu-se de Pará, mas antes Pará havia amarrado o Bode em uma árvore grossa e indagou,
– Pode chamar o Bode de Bernardo, que ele te atenderá.

Bode Bernardo passou seus primeiros dias no sítio de Antônio Carlos comendo tudo que via pela frente, brotos de bamboo, plantas, árvores silvestres e pés de cana plantados por Antônio Carlos no pé da propriedade próxima a estrada que cortava as terras de seu já falecido avô.

Duas semanas depois Pará estava na cerca da propriedade gritando,
             – O garoto traga a corda do Bode, preciso dela lá nas minha terra, então Antônio Carlos ainda morro acima disse,
              Pará que história é essa? A corda veio com o Bode, como posso te entregar a corda? Onde amarrarei o Bode? 

Pará fitou Antônio Carlos de forma assustadora, puxou uma enorme faca de uma sacola pendurada nos ombros e gritou,

             Ahhraaa me traga essa corda já, garoto!

Antônio Carlos sem se quer olhar para Pará, retornou para o galpão das codornas e imediatamente saiu com uma garrucha carregada de chumbo e pólvora socados, desceu até a metade do terreno e disse.
            Pará saia imediatamente da minha cerca senão encherei seu peito de estilhaços,

Pará novamente fitou Antonio Carlos, desta vez com uma expressão assustada, virou-se em direção da estrada e calado foi embora.

          Bernardo tinha um estranho comportamento que no início Antônio Carlos ignorava. Sempre que Antônio Carlos se aproximava, o bode urinava e abaixava a cabeça na direção de Antônio Carlos, e também emitia um som esquisito pelas narinas, parecia um alerta que basicamente ameaçava, não se aproxime se não dou-lhe uma cabeçada.
Desde então Antônio Carlos não conseguiu se aproximar do bode, e acabou tendo de doar o bode, muito aborrecido por tudo que passara com aquele animal ingrato.

Vinte anos depois, Antonio Carlos trabalhava em uma Multinacional como Gerente de Servicos de Tecnologia da Informação. Certo dia aceitou trabalhar com um funcionário que trazia um histórico de comportamento problemático e com hábito de falar demais, apesar disso técnicamente era excelente. Antônio Carlos viu em Marcio Santos um jovem talento que só precisava de um gerente mais atencioso e mais presente. Durante os primeiros 3 meses Marcio Santos se demonstrou um excelente profissional, e que logo pediu aumento de salário, apesar de não poder ajudar, Antônio Carlos informou que assim que fosse possível tentaria um aumento de salário como consequência de uma promoção. Marcio Santos entendeu e demonstrou senhoridade em concordar com seu gestor. Marcio Santos trabalhava fazendo horas-extras, e demonstrava sempre muita satisfação, pois todas as demais solicitações foram sempre atendidas por Antônio Carlos.

Seis meses depois a partir de uma decisão estratégica de Antônio Carlos e da Diretoria da empresa, Antônio Carlos contratou um Coordenador para equipe que cresceu mais de 600%. Marcio Santos informou descontentamento com a decisão de Antônio Carlos e passou a trabalhar bastante insatisfeito e sem o mesmo comprometimento, Antônio Carlos imediatamente fechou com a Diretoria um excelente aumento para Marcio Santos como consequência de uma promoção. Ainda assim Marcio Santos continuava desmotivado e descomprometido, seu rendimento caiu muito que por fim Marcio Santos pediu demissão sem cumprir aviso prévio.

Antônio Carlos refletiu bastante sobre o assunto, se perguntando sempre onde foi que errou, e chegou a conclusões importantes para sua carreira, mas a maior lição que ele tirou desse episódio foi a de ficar sempre atento as atitudes das pessoas, ao histórico do profissional, para desta forma evitar um novo BODE BERNARDO.

Qualquer semelhança deste conto com a vida real dos leitores é mera coincidência, porém vale a dica para ficarem sempre atentos aos seus colaboradores pois vocês podem estar trabalhando com um Bode Bernardo sem terem ainda percebido.

3 comentários:

  1. Otimo texto narrativo. E a ligacao entre a primeira e a segunda parte do conto acontece de forma natural. Parabens ao escritor Luis Oliveira. Voltarei sempre nesse blog. Abraco,
    Duda Amaral

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  2. Daniele,
    Qualquer semelhança é mera coincidência :-)

    Eduardo,
    Fico feliz com suas palavras, seja bem vindo e volte sempre.

    Abraços.

    Popi.

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